Dropshipping: o que é e tudo o que precisas de saber

Leonor Castanho
Leonor Castanho
Mar 28, 2022
Dropshipping o que é

Se chegaste a este artigo, provavelmente consideras começar o teu próprio negócio de dropshipping. Com certeza já terás ouvido o quão fácil é vender produtos em dropshipping, mas não deves acreditar em tudo o que te dizem. O dropshipping é uma forma de venda como qualquer outra e, se queres ter sucesso, vais ter de trabalhar arduamente, mesmo que o processo de venda que escolhas não seja o tradicional.

Neste artigo, responderemos a todas as tuas perguntas sobre dropshipping, o que é (e o que não é), as vantagens e desvantagens de escolher vender como dropshipper e quais as melhores plataformas para criares a tua empresa de dropshipping, entre muitas outras questões.

O que é o dropshipping

O dropshipping é um método de venda no qual o vendedor é responsável apenas pela venda, pelo serviço de apoio ao cliente, e pela gestão do envio dos produtos e de eventuais devoluções. Ou seja, o produto é enviado ao cliente diretamente do fabricante ou fornecedor.

Desde artigos de moda como malas, sapatos, roupa desportiva, lingerie e fatos de banho até computadores, livros, artigos decorativos como plantas e flores vivas, vinho, nutrição desportiva, jogos de vídeo, acessórios de cozinha, produtos farmacêuticos e perfumaria. O céu é o limite. Podes mesmo vender mobiliário ou fruta e legumes, embora neste caso a logística da tua loja online deva funcionar perfeitamente em termos de expedição.

O marketing de afiliados pode ser, para alguns, semelhante ao dropshipping. Neste caso, uma pessoa ou empresa recomenda um produto e liga-o à página de vendas do fornecedor ou fabricante que é quem efetua a venda (é ele que recebe o pagamento, quem se encarrega do envio, trata das devoluções e fornece apoio ao cliente). A pessoa que recomenda o produto é apenas responsável por encaminhar o cliente para a loja, ou seja, por gerar tráfego. Em troca, quando o cliente compra o produto, a pessoa ou empresa que o recomendou recebe uma comissão.

Estes infográficos clarificam as diferenças entre os dois.

marketing de afiliados vs dropshipping infográfico

Diferenças entre o Dropshipping e um Marketplace

Muitas pessoas julgam que estes termos estão intimamente relacionados. E, de facto, em muitos casos estão, mas isso nem sempre acontece. 

O dropshipping, como já referimos, é um modelo de vendas no qual o dropshipper ou vendedor fornece artigos diretamente do fornecedor, sem que esses produtos passem pelas suas mãos.

Um marketplace, por outro lado, é um mercado online onde se podem encontrar diferentes lojas e vendedores de artigos semelhantes ou completamente diferentes.

Por vezes, os dropshippers optam por vender os seus produtos através de um ou mais marketplaces, como a Amazon ou o eBay. Podem também vender através de uma loja online e obter os produtos de um marketplace, como o AliExpress, por exemplo. É por isso que estes dois conceitos, embora distintos, estão frequentemente relacionados e aparecem juntos muitas vezes..

Diferenças entre Dropshipping e a Amazon FBA

Agora que compreendes um pouco melhor o dropshipping, vamos explicar, em termos gerais, o que é o programa Logística FBA da Amazon.

Este programa foi criado para facilitar as tarefas inerentes ao envio, gestão de inventário e ao serviço de apoio ao cliente quando se vende através da Amazon. Com ele, é possível externalizar a gestão logística do eCommerce, incumbindo a Amazon de muitas das suas obrigações (e direitos). Para usufruir desse serviço é necessário pagar comissões à Amazon.

Para fazer dropshipping, não é necessário utilizar esta ferramenta. Basta contactar um fornecedor de confiança e começar a vender. Para otimizar a gestão logística é preferível utilizar uma ferramenta como a Outvio, em vez de optar pela Amazon FBA Logistics que, embora permita poupar tempo, fará com que os lucros das vendas sejam consideravelmente reduzidos.

Diferenças entre Dropshipping e Cross Docking

Neste caso, estamos a comparar um método de venda (dropshipping) com um método de gestão logística (cross docking). Embora pareça impossível confundir os dois, a verdade é que estes dois conveitos têm muitos pontos em comum.

Quando um retalhista opta pela logística de cross docking, poupa nos custos de manutenção do armazém, uma vez que o artigo chega e deixa a loja com destino ao cliente final ou ao ponto de venda num intervalo de tempo inferior a 24 horas. Isto reduz o tempo de gestão do inventário, tais como em carregamento e descarregamento, recolha, entre outros, bem como os custos envolvidos.

No dropshipping, por outro lado, estes custos são reduzidos a zero, pelo menos diretamente, já que o fornecedor é responsável pela gestão dos produtos no armazém.

Quais as vantagens do Dropshipping

Os negócios baseados em dropshipping estão a tornar-se cada vez mais comuns, e não é por acaso. 

Agora que já sabes exatamente o que é, e o que não é, o dropshipping, importa destacar algumas das suas principais vantagens, em comparação com os métodos tradicionais de venda:

  • Permite poupar nos custos de armazenamento que normalmente são suportados pelo vendedor;
  • Tem margens de lucro mais elevadas, uma vez que o vendedor pode comprar um produto por atacado e vendê-lo no varejo, por um preço mais elevado.

Quais as desvantagens do Dropshipping

No entanto, nem todas as empresas baseadas em dropshipping são bem sucedidas. Existem certos perigos e inconvenientes na escolha deste método de venda também.

  • Garantia. A garantia da maioria dos produtos em Portugal é de dois anos. No caso do dropshipping, esta garantia depende do fabricante ou do fornecedor e se ele se encontrar fora de Portugal, poderá não cumprir as regras ou prazos de garantia, pelo que o vendedor terá de assumir a responsabilidade de oferecer essa garantia ou de compensar o comprador em caso de avaria, por exemplo;
  • Não estás no controle do produto. Em essência, com o dropshipping, estás dependente do teu fornecedor. Por exemplo, se as tuas vendas começarem a crescer, o fabricante poderá não ser capaz de fornecer a quantidade de produtos suficiente. Isto significa que terás de mudar de fornecedor ou comercializar novos produtos, que podem não ser tão bem recebidos pelos teus clientes;
  • Serviço de apoio ao cliente. No dropshipping, é o vendedor que gere o serviço de apoio ao cliente, apesar de o produto não passar pelas suas mãos. Isto pode ser um pouco complicado, especialmente na eventualidade de uma reclamação. Além disso, o vendedor é responsável pela gestão do transporte marítimo: a escolha da melhor transportadora ou tarifa: CTT, DPD, MRW, GLS, Nacex, ou outra. Se houver algum problema a este respeito, resolver a situação é igualmente da sua responsabilidade. Por outro lado, se o vendedor não for responsável pela gestão da encomenda, poderá não ter a possibilidade de contactar o cliente e informá-lo de possíveis incidentes ou alterações na entrega da encomenda, o que pode prejudicar a experiência de compra.
  • Custos de envio duplicados. Se trabalhares com mais do que um fornecedor e o cliente encomendar artigos de diferentes fornecedores, o cliente pagará os portes de apenas uma encomenda (ou, pelo menos é assim que deveria ser), mas o vendedor terá de assumir o custo de envio referente a duas encomendas distintas;
  • Moeda. O mercado monetário está em constante mudança. Isto pode afetar as tuas margens se o fornecedor estiver num país diferente (com uma moeda diferente);
  • Faturação e outros detalhes fiscais. Fazer dropshipping a partir de Portugal pode ser um processo demasiado complexa para ser feito por conta própria. Provavelmente precisarás da ajuda de um assessor para te certificares que cumpres todos os regulamentos e que não recebes nenhuma sanção do Estado. Abordamos este assunto em profundidade na secção seguinte.

Tributação e Dropshipping

Tributação: Quem paga os impostos em dropshipping

No caso do dropshipping, de uma forma geral, o IVA aplicado depende do local de residência do cliente final, isto é, o cliente pagará os impostos de acordo com a legislação em vigor no seu país.

Se venderes em Portugal, o cliente final deve pagar o IVA correspondente em Portugal. Se venderes nos estados membros da União Europeia, deves ter em conta se o destinatário se trata de um particular ou de uma empresa. Dependendo disso, terás de faturar com o IVA do país de origem da loja online ou aplicar o mecanismo de autoliquidação.

A 1 de Julho de 2021, entrou em vigor a reforma da Lei do IVA, que eliminou a isenção de IVA para importações de valor inferior a 22 euros, o que significa que todos os produtos que entrarem em qualquer país da União Europeia estarão sujeitos ao IVA de cada país e devem ser retidos na alfândega até ao pagamento do IVA. Este pagamento será suportado pelo cliente, que terá de pagar 21% do valor do produto. 

Dropshipping e sobretaxa de equivalência

A sobretaxa de equivalência é um tipo de regime especial de IVA que se aplica aos retalhistas que comercializem artigos que não tenham sido modificados por eles. Este é o caso do dropshipping.

Este IVA especial não se aplica a todos os produtos. Por exemplo, se venderes veículos, jóias, produtos petrolíferos, maquinaria industrial ou vestuário utilizando couro de luxo (excepto malas de mão e carteiras), entre outros.

Além disso, existem algumas exceções que permitem evitar este regime. Por exemplo, se mais de 20% do volume de negócios provém de freelancers ou empresas, podes aplicar o regime geral do IVA no ano fiscal seguinte. 

A sobretaxa de equivalência significa que, quando realizas uma venda, é o fornecedor do produto que suporta a sobretaxa de equivalência. Exatamente o mesmo que o IVA, com a peculiaridade de ser adicionado separadamente e de acordo com a taxa de imposto. Mais especificamente:

  • Para a taxa de IVA de 21%, a sobretaxa é de 5,2%;
  • Para uma taxa de IVA de 10%, a sobretaxa de equivalência é de 1,4%;
  • Se o produto aplicar uma taxa de IVA de 4%, a sobretaxa é de 0,5%.

Em suma, a fatura deve incluir a base tributável, o IVA e, dependendo desta, uma sobretaxa de equivalência que também é calculada sobre a base tributável. Além disso, essa fatura deve também mostrar que estás sujeito a este regime especial. Assim como o resto dos dados que devem ser incluídos numa fatura do regime geral: data da fatura, dados de quem a emite, dados do destinatário, base tributável e número da factura.

Estar sujeito ao regime de sobretaxa de equivalência significa que não terás de apresentar o formulário 303 ou 309, nem manter um livro de IVA, a menos que também tenhas produtos que estejam sob o regime geral. Terás de provar aos teus fornecedores que estás sob este regime especial de IVA e manter um registo das faturas dos fornecedores, a fim de incluir as despesas no formulário 130, que está relacionado com o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS).

Dropshipping e Freelancers

Ser trabalhador por conta própria em Portugal acarreta muitos custos. Muitas pessoas não o fazem devido à inconveniência de ter de pagar uma taxa fixa, que não depende dos e lucros e que, além disso, é bastante elevada.

Com o aumento das vendas online, surgiram muitas questões, tais como quem paga os impostos em caso de dropshipping ou se, para vender online, é necessário estar inscrito como trabalhador por conta própria ou até criar uma empresa.

Se planeia vender apenas esporadicamente, a resposta é não. Na maioria dos casos, podes fazê-lo como indivíduo, embora normalmente exista um teto máximo ao montante de lucro ou vendas, o que pode limitar a tua actividade ou obrigar-te a faturar como empresa ou como freelancer.

Se quiseres fazer do dropshipping um negócio lucrativo, terás de criar uma empresa ou registar-se como trabalhador independente. Caso contrário, poderás ser penalizado pela Segurança Social.

Mas o que é, ao certo, uma venda regular? Aos olhos da Administração, qualquer atividade que seja realizada com uma certa frequência, seja ela diária, mensal ou anual. Além disso, se comprares por atacado sem ser por conta própria, a Segurança Social irá automaticamente considerar-te um profissional, pelo que terás de te registar.

Qual a melhor plataforma para uma loja online de dropshipping

Se já decidiste tentar a tua sorte com o dropshipping, estarás com certeza interessado em saber quais as plataformas mais adequadas para este tipo negócio. Se assim for, continua a ler.

Shopify

O Shopify integra-se facilmente com outros canais de vendas, tais como lojas de redes sociais, como o Facebook ou Instagram, ferramentas para a criação de conteúdos, como o WordPress ou outras plataformas e blogs, ou marketplaces como a Amazon ou eBay. Este pode ser um dos fatores-chave que te levem a optar por utilizar o Shopify para o teu negócio de dropshipping.

Para criar uma loja online com o Shopify, terás de subscrever um dos seus planos, dependendo das necessidades do teu negócio: o Plano Básico, que custa atualmente 29 dólares, o Plano Shopify, 79 dólares ou o Plano Avançado Shopify, 299 dólares. Além disso, o Shopify dispõe de uma série de ferramentas que permitem gerir encomendas de dropshipping facilmente.

WooCommerce

Com o WooCommerce, podes integrar a tua loja online com outros canais de venda através de uma extensão multicanal como o Facebook, Pinterest, Etsy, eBay, entre outros. Também podes partilhar o teu website em redes sociais como Instagram, Facebook ou Youtube através do WordPress para atrair mais tráfego para a tua loja.

Esta é uma das vantagens que o WooCommerce oferece em relação a outras ferramentas de venda, pois permite que o tráfego chegue à tua loja organicamente e seja atraído para os teus produtos, bem como para o teu conteúdo.

Portanto, é bastante fácil montar um negócio de dropshipping no WooCommerce. Esta opção pode ser a melhor para ti se já tiveres um website em WordPress. 

O WooCommerce é gratuito, mas para criar uma loja online no WordPress é necessário subscrever um dos seus planos,como o Business (25 euros/mês) ou o eCommerce (45 euros/mês).

PrestaShop

O PrestaShop é outra plataforma CMS que funciona bem para o dropshipping. Se já tens uma conta PrestaShop, ou se tiveres decidido criar uma devido às suas vantagens, podes instalar um módulo PrestaShop para envio de dropshipping. Dentro desta categoria, existem cerca de 20 ferramentas diferentes.

Para o fazer, entra na secção PrestaShop Addons e, depois, na categoria Lojas Especializadas>Dropshipping. Só tens de escolher os módulos que melhor se adaptem ao teu caso específico.

Podes consultar o nosso artigo sobre os melhores addons gratuitos para PrestaShop e descobrir opções gratuitas que a plataforma oferece para facilitar o dropshipping. Ter uma loja PrestaShop é, em princípio, gratuito, mas a maioria dos addons têm um custo.

Wix

Para ter um negócio de dropshipping na Wix é necessário subscrever o seu plano Business Unlimited (25 euros/mês) ou Business VIP (35 euros/mês).

Se já tens uma loja online na Wix e estiveres inscrito num destes planos, poderás ligar a tua loja online a plataformas como o Spocket, 365Dropship ou Modalyst, para gerir mais facilmente os produtos de dropshipping.

Se ainda não tens uma loja online e está a pensar criar o teu negócio de dropshipping do zero, esta opção pode não ser a melhor para ti devido à obrigatoriedade de subscrever um dos seus planos.

eBay

O eBay é um marketplace em funcionamento há mais de 25 anos. Isto significa que pode ser integrado e partilhado em quase qualquer parte da Internet: redes sociais, Google Shopping, lojas online, e muito mais.

Podes utilizar o eBay para ligar produtos que tens na tua loja online ou então criar duas lojas online (uma no eBay e outra numa plataforma CMS) e ligá-las uma à outra de modo a gerir apenas um único inventário. Se o outro CMS também funcionar bem na área de dropshipping, o sucesso é quase garantido.

Por exemplo, podes ter a tua loja online no Shopify, ligá-la à tua loja online do eBay e encomendar os produtos através de uma aplicação de dropshipping do Shopify. Isto irá tornar a gestão de encomendas muito mais fácil e contribuir para o aumento das vendas graças a uma poderosa estratégia multicanal.

Amazon

A Amazon, à semelhança do eBay, é um marketplace internacional consolidado e extremamente popular. A Amazon permite a integração com outros canais de venda, tais como o teu website ou loja online alojada num CMS como o Shopify, WooCommerce, ou Magento. Também podes partilhar os teus produtos através de ligações de afiliados numa multiplicidade de redes sociais.

A Amazon possui um plano de logística multicanal (FBA), como já mencionamos, mas implica o pagamento de uma taxa adicional que variará dependendo do local para onde se envia e do tamanho da encomenda.

Conclusão

Ligar uma loja Amazon a uma loja online noutro CMS ou marketplace pode ser a melhor opção para se estiveres à procura expandir os teus canais de vendas. Se decidires vender através da Amazon, recomendamos que, em vez de atribuires a gestão dos teus processos logística e envios, optes por uma ferramenta capaz de automatizar e otimizar todos os teus processos logísticos, como a Outvio.

Esperamos que este artigo sobre dropshipping tenha esclarecido todas as dúvidas que pudesses ter. A cada dia que passa, mais e mais pessoas decidem iniciar o seu próprio negócio online, e existem muitas formas de vender online mas, se quiseres realmente ter sucesso a longo prazo, é importante considerar todas as vantagens do dropshipping em comparação com a venda através de um marketplace ou loja online. 

Partilhar artigo


Artigos relacionados.